Monday 31 December 2007
Tuesday 18 December 2007
Friday 14 December 2007
velhos ritos intercontinentais
repete-se o ciclo, nos nossos dias, com uma mais discreta mas não menos apaixonante chegada da "corte portuguesa" às terras da aparecida. novos tempos, velhos ritos.
Bienal do Livro inicia leva sobre bicentenário da família real no Brasil
Uma média de dois títulos por mês sobre o tema será lançado a partir de outubro.
Obras analisam impacto da instalação da corte de D. João 6º na então colônia.
O resgate da imagem de Dom João 6º deverá ser o primeiro resultado desta série de publicações, que cobrirá áreas como história, filosofia, artes plásticas, arquitetura, paisagismo, música, costumes, saúde e até gastronomia.
“Não podemos medir um estadista pela sua feiúra, ou por ser glutão ou ter maus hábitos”, diz o diplomata Alberto da Costa e Silva, membro da Academia Brasileira de Letras e presidente da Comissão Organizadora das Comemorações, que também participa do debate da Bienal.
“Dom João foi um dos poucos governantes brasileiros que alterou definitivamente a vida brasileira”, sustenta. “Pode-se dizer que, pelas condições do Brasil Colônia, isso não seria difícil, mas ele poderia não ter feito nada ou muito pouco”, diz Costa e Silva.
E enumera: “Dom João criou a Impressão Régia, a Escola Nacional de Belas Artes, a Biblioteca Nacional,o Jardim Botânico, a Escola Militar, o primeiro teatro e de várias outras instituições fundamentais”.“E quanto mais estudo a vida dele, mais estou convicto de que foi um precursor do chamado “político mineiro" tornado famoso por Juscelino Kubitschek, porque não foi apenas esperto, mas "marotíssimo”, completa Costa e Silva.
(imagem: D. João VI e Carlota Joaquina retratados pelo pintor Manuel Dias de Oliveira - Foto: Domínio Público)Friday 7 December 2007
Ligações Amorosas
sedução, humor, alegria, júbilo, ciúme, zanga, fúria, lamento e todo o tipo de aventuras e desventuras, amores e desamores para todos os gostos e todas as idades."
em Dezembro:
sábado, 15 - 16h e 18h30 e domingo, 16 - 11h
na Fundação Calouste Gulbenkian (Auditório 2)
Thursday 6 December 2007
Saturday 1 December 2007
Thursday 29 November 2007
Sunday 25 November 2007
tarde de domingo
o sol enche de luz dourada cada pedaço de ar caleidoscopicamente gelado.
o inverno anuncia a sua vinda, ainda tímido.
alimentado o espírito, alimenta-se também o corpo com mimos e banquetes maternais.
tarde de domingo.
o tempo suspenso nos raios de sol que caem caramelizados e vagarosos na sua grandeza.
ao fundo, toca um piano com mil histórias incrustadas nas suas paredes, nos seus ossos, no seu tempo também suspenso. grandes valsas rodopiam pela sala. e risos. em silêncio.
porque, numa tarde de domingo como esta, o tempo paira, suspenso, e o sol enche de luz dourada cada retalho caleidoscópico e congelado de ar de inverno.
(imagens daqui)
Thursday 22 November 2007
Santa Cecília
Desde o século XV, Santa Cecília é considerada padroeira da música sacra.
Tuesday 20 November 2007
[doce quotidiano]
verdadeiras amizades
passa pouco das oito da manhã
imaginemo-nos uma semana atrás
entramos no 732
restelo - campo pequeno
lugares sentados disponíveis [reconforto]
o sono pesa em cada pedaço de pálpebra
num cenário destes, ainda no limbo entre o sono e a vigília, há lugar para tudo, inclusivamente para aqueles inesperados cruzamentos de vidas que se desconhecem e se continuarão a desconhecer entre si.
um senhor sem rosto conversa com o seu vizinho do lado e eu escuto-lhe um pequeno retalho:
- "... isso é que era liberdade! andar para todo o lado... agora, sem poder, é mais difícil. eu, quando era novo, ia ao cinema todas as quatras feiras. já nessa altura eu era muito amigo do cinema!"
mordiscada por um sopro de manhã gelada, sorri às escondidas, clandestina e divertida na minha invisibilidade.
[ser muito amigo do cinema parece-me, subitamente, um perfeito e memorável previlégio...]
(imagem de Moumine)
Tuesday 13 November 2007
dois meios.
Saturday 10 November 2007
pequenos segredos quotidianos
fim de tarde (já vestido de noite cerrada pelo novo horário)
supermercado A.
ergo a mão para agarrar uma caixa das bolachas y.
parecem deliciosas e quero provar.
vinda do nada, aproxima-se uma funcionária.
cúmplice, sussurra-me:
- costuma ir a outros supermercados?
corei.
o que quer ela saber com a pergunta?
- eh... sim, ao supermercado B, de vez em quando...
confessei desmergulhando-me dessa estranheza provocada pelo insólito.
ela aproximou os sussurros dos meus ouvidos, com um sorriso de esguelha, e revelou:
- é que no supermercado C isso custa menos de metade. a caixa não é a mesma mas o sabor é igualzinho! eu só compro lá... mas não lhe estou a dizer nada.
e piscou o olho esquerdo.
eu disse-lhe que não conhecia essas bolachas e que queria apenas prová-las.
ela acrescentou:
- se é só para provar, então está bem. mas se gostar, compre no outro... aqui é caro demais! - e concluiu:
- mas lembre-se que eu não lhe disse nada.
sorri dos pés à cabeça, ainda imersa em tal segredo irrevelável.
é encantador, este mundo de quotidianos imprevisíveis...
e assim guardamos no bolso pequenas histórias para contar, mais tarde, ao calor da fogueira.
Saturday 3 November 2007
(in)temporal
"Não se perdeu nenhuma coisa em mim.
Continuam as noites e os poentes
Que escorreram na casa e no jardim,
Continuam as vozes diferentes
Que intactas no meu ser estão suspensas.
Trago o terror e trago a claridade,
E através de todas as presenças
Caminho para a única unidade."
Sophia de Mello Breyner Andresen
(fotografia de Katia Chausheva)
Friday 2 November 2007
Wednesday 31 October 2007
"Amo-te nesta ideia nocturna da luz nas mãos
E quero cair em desuso
Fundir-me completamente.
Esperar o clarão da tua vinda, a estrela, o teu anjo
Os focos celestes que a candeia humana não iguala
Que os olhos da pessoa amada não fazem esquecer.
Amo tão grandiosamente a ideia do teu rosto que penso ver-te
Voltado para mim
Inclinado como a criança que quer voltar ao chão."
"Amo-te como um planeta em rotação difusa
E quero parar como o servo colado ao chão.
Frágil cerâmica de poros soprados no teu hálito
Vasilha que ergues em tuas mãos de oleiro
Cálice que não pudeste afastar de ti."
Daniel Faria
(imagem de Rébecca Dautremer)
Monday 29 October 2007
Tuesday 23 October 2007
"l'attente" (1905)
pintada de vestidos vermelhos
com um lenço a esvoaçar no parapeito da janela
Friday 19 October 2007
Pasta Medicinal Couto
Monday 15 October 2007
Thursday 4 October 2007
Wednesday 3 October 2007
Morgen
Richard Strauss (1864-1949)
Morgen! (Amanhã!) Op.27/4
Texto de John Henry Mckay (1864-1933)
Und morgen wird die Sonne wieder scheinen,
Und auf dem Wege, den ich gehen werde,
Wird uns, die Glücklichen, sie wieder einen
Inmitten dieser sonnenatmenden Erde . . .
Und zu dem Strand, dem weiten, wogenblauen,
Werden wir still und langsam niedersteigen,
Stumm werden wir uns in die Augen schauen,
Und auf uns sinkt des Glückes stummes Schweigen. . .
Amanhã
E amanhã o sol voltará a brilhar;
E o caminho que eu percorrer
unir-nos-á de novo,
aqui, nesta terra inundada de sol.
E à vasta praia de ondas azuis
desceremos lenta e silenciosamente;
sem palavras, olhar-nos-emos, olhos nos olhos,
e sobre nós descenderá, em silêncio, uma serena felicidade.
(fotografia de Katia Chausheva)
Tuesday 2 October 2007
Friday 28 September 2007
"e as árvores somos nós"
noite traiçoeira
se a cruz pesada for
Cristo estará contigo
o mundo pode até
fazer você chorar
mas Deus te quer sorrindo
em cada som
em cada suspiro
em cada pedra no caminho
em cada ruga na testa
em cada careta
em cada aperto no peito
em cada lua cheia
em cada quilómetro
em cada novo sorriso
agora e sempre
ámen
Friday 31 August 2007
Thursday 23 August 2007
primeiras impressões do 102
não é tão pequeno como imaginava
o chuveiro é m-a-r-a-v-i-l-h-o-s-o
estou apaixonada pela rede
o tempo não passa, derrete-se nos nossos braços
o fogão tem um lume bem brando
cuidado com a mesa!
livros, livros, livros...
agora, duplamente, tudo funciona muito melhor
[finalmente aqqui: é real!]
Sunday 19 August 2007
ventos do sul (sussurro)
Friday 17 August 2007
Thursday 16 August 2007
Soneto XXV
"Antes de amarte, amor, nada era mío:
vacilé por las calles y las cosas:
nada contaba ni tenía nombre:
el mundo era del aire que esperaba.
Yo conocí salones cenicientos,
túneles habitados por la luna,
hangares crueles que se despedían,
preguntas que insistían en la arena.
Todo estaba vacío, muerto y mudo,
caído, abandonado y decaído,
todo era inalienablemente ajeno,
todo era de los otros y de nadie,
hasta que tu belleza y tu pobreza
llenaron el otoño de regalos."
Pablo Neruda, (Cien Sonetos de Amor, 1959)
[ refugio a minha sofreguidão nas suas palavras.
porque é nosso. porque é novo. porque é tudo.
e porque já não sei mais dizer...
o número do soneto... - os astros - tuddo
... tu inundas tuddo... ]
(fotografia de Moumine)
Monday 6 August 2007
o fim
a morte de alguém próximo
mesmo que seja apenas uma proximidade afastada
faz-nos sentir sempre a insustentável leveza
da fragilidade da máquina humana
somos pó
e sentir isso na pele
é pesado como chumbo
como amarras
no rosto
sim
saber que alguém morreu
que alguém real
(e não do mundo desconhecido)
morreu
é ter que aceitar
é ter que saber
que morreremos também
saber que alguém morreu
é assinar um pacto com o próprio fim
por muito poucos laços que se tenha com essa pessoa
é ver
diante de nós
o fim último de existir
.
(imagem de Gabriel Pacheco)
Sunday 5 August 2007
enlaçar-de-amor-nos-emos
"Vem, meu amado, saiamos ao campo!
Passaremos a noite nas aldeias,
madrugaremos para ir aos vinhedos,
ver se as vides lançaram rebentos
ou se já se abrem suas flores,
se florescem as romãzeiras.
Ali te darei o meu amor.
As mandrágoras exalam seu perfume,
e à nossa porta há mil frutas deliciosas,
tanto frescas como secas,
que para ti, meu amado, reservei."
Cântico dos Cânticos, 7: 11-14.
(imagem: .cecilia., "lazo de amor")
Monday 30 July 2007
Friday 27 July 2007
"O desafio da página 161"
1. Pegar no livro mais próximo
2. Abri-lo na página 161
3. Procurar a 5ª frase completa
4. Colocar a frase no blog
5. Não vale procurar o melhor livro que têm, usem o mais próximo
6. Passar o desafio a cinco pessoas.
"Guerra, peste bubónica, antraz, fome, chuvas intermináveis, guerra civil... foi provavelmente o pior lugar do mundo para se estar vivo nos últimos dois mil anos."
GROSSMAN, Len. O Códice Secreto
[ obrigada, erik. ]
esta foi a minha frase.
qual será a vossa...?
joão
breno
cristina - cns
dora
inês leal
Tuesday 24 July 2007
veemente
Wednesday 18 July 2007
"o tempo ruge"
Thursday 12 July 2007
por dentro da alma...
às vezes recordo a minha mãe como uma nuvem.
daquelas nuvens brancas, algodonescas e robustas... que nos enchem de uma sensação de tranquilidade (daquelas que nem se nota que foi surgindo...) as asas da imaginação tornam-se leves e percorrem mundos imensos... de olhos abertos, mas fechados."
Saturday 7 July 2007
sete do sete do sete
quantas insuspeitados e deliciosos detalhes tem em si bordados o número sete?...
...basta começar... [ alguém se atreve? ] ...pegamos numa estrela amarela, lavamos os dentes para ir dormir, deixamos as ideias a fermentarem durante a noite... e... plim! milhares de setes aparecerão por aí... à espreita... a ver se alguém os agarra com um piscar de olhos!
.
.
[ "os sete buracos da minha cabeça por onde entra a tua presença" ]
(imagem de Carla Pott)
Tuesday 3 July 2007
um e um
Amor, dor, trabalhos, deve, dormir agora.
Gira a noite sobre as suas invisíveis rodas
e junto a mim és pura como âmbar adormecido.
Nenhuma mais, amor, dormirá com os meus sonhos.
Irás, iremos juntos pelas águas do tempo.
Nenhuma mais viajará pela sombra comigo
só tu, sempre-viva, sempre sol, sempre lua.
Já as tuas mãos abriram os punhos delicados
e deixaram cair suaves sinais sem rumo,
os teus olhos fecharam-se como duas asas cinzentas.
Enquanto eu sigo a água que levas e me leva:
a noite, o mundo, o vento enovelam o se destino,
e já não sou sem ti senão apenas o teu sonho."
Pablo Neruda
[quarenta e nove]
(imagem de Elena Odriozola)
Saturday 30 June 2007
"Te sientas en el sol y levanto la luna"
Friday 29 June 2007
Tuesday 26 June 2007
Chamo-Te
Chamo-Te porque tudo está ainda no princípio
E suportar é o tempo mais comprido.
Peço-Te que venhas e me dês a liberdade,
Que um só de Teus olhares me purifique e acabe.
Há muitas coisas que não quero ver.
Peço-Te que sejas o presente.
Peço-Te que inundes tudo.
E que o Teu reino antes do tempo venha
E se derrame sobre a Terra
Em Primavera feroz precipitado.
Sophia de Mello Breyner Andresen
(imagem de Miguel Tanco)
Sunday 24 June 2007
oceano
"Entre os teus lábios
é que a loucura acode,
desce à garganta,
invade a água.
No teu peito
é que o pólen do fogo
se junta à nascente,
alastra na sombra.
Nos teus flancos
é que a fonte começa
a ser rio de abelhas,
rumor de tigre.
Da cintura aos joelhos
é que a areia queima,
o sol é secreto,
cego o silêncio.
Deita-te comigo.
Ilumina meus vidros.
Entre lábios e lábios
toda a música é minha."
Eugénio de Andrade
...a nova luz das palavras... para ver melhor...
(ilustrações de Rebecca Dautremer)
Saturday 23 June 2007
amoureuse
Thursday 21 June 2007
solstício
hoje, o dia terá um pôr-do-sol mais tardio... mais demorado do que todos os outros.
hoje, as fadas do norte dançam com as fadas do sul e os ventos oceânicos transformam a distância em magia e sublimação.
hoje, a noite vem só de passagem, lembrando aos novos enamorados que as estrelas brilham dentro dos seus olhares antes do sol nascer.
hoje começa um novo ciclo... e as danças que mudam de rumo giram ao contrário, como se viessem do mar.
(imagem: "whispers from october", Prismes)
Tuesday 19 June 2007
de olhos fechados
Monday 18 June 2007
Saturday 16 June 2007
Montanhas
Quando uma montanha se apaixona tudo pode acontecer... Começa aos saltos ou então fica para ali deitada a olhar as nuvens. Convém por isso não a escalar nesses dias e sobretudo não beber da água das suas nascentes.
2.
As montanhas apaixonam-se com frequência. Vestem-se de branco. De verde ou azul. Por vezes abrem as pálpebras. E a lava da sua paixão corre-lhe pelas faldas.
Jorge de Sousa Braga, "O Poeta Nu"
(imagem de María Elina)