Wednesday, 9 February 2011
(h)Ouve
Monday, 7 February 2011
Ingrina
"O grito da cigarra ergue a tarde a seu cimo e o perfume do orégão invade a felicidade. Perdi a minha memória da morte da lacuna da perca do desastre. A omnipotência do sol rege a minha vida enquanto me recomeço em cada coisa. Por isso trouxe comigo o lírio da primeira praia. Ali se erguia intacta a coluna do primeiro dia – e vi o mar reflectido no seu primeiro espelho. Ingrina.
É esse o tempo a que regresso no perfume do orégão, no grito da cigarra, na omnipotência do sol. Os meus passos escutam o chão enquanto a alegria do encontro me desaltera e sacia. O meu reino é meu como um vestido que me serve. E sobre a areia sobre a cal e sobre a pedra escrevo: nesta manhã eu recomeço o mundo."
Sophia.
(imagem de Lena Corwin)
Tuesday, 24 August 2010
Monday, 23 August 2010
Sunday, 2 May 2010
Dia da Mãe
Se eu, hoje, encontrasse uma lâmpada mágica, pediria ao senhor génio que me levasse a um tempo-lugar onde pudesse vê-la de perto, onde pudesse ouvir as histórias que me quisesse contar e onde pudesse apertá-la num abraço de dizer obrigada sem usar palavra alguma. Se eu pudesse, hoje, era o desejo que pediria.
Sophia de Mello Breyner Andresen
(ilustração de Cecilia Afonso Esteves)
Friday, 29 January 2010
se eu fosse um auto-retrato...
Thursday, 22 October 2009
Tuesday, 15 September 2009
"onde tu estiveres"
Sunday, 12 July 2009
metade da minha vida
Friday, 10 July 2009
Tus ojos
Tuesday, 7 July 2009
Monday, 6 July 2009
Ferdy
Thursday, 25 June 2009
cinco mangas
Oito da noite (aqui os dias não são tão longos como em casa). Oito e pico. Ilha de Santiago, cidade da Praia. Café Sofia: esplanada. O computador ligado em cima da mesa absorve quase toda a minha atenção quando, de repente, sinto uma mão pequenina a puxar-me o vestido. “temos fome!” diz a porta-voz de quarto meninas de pele negra, negra, negra. Olho para cada uma delas. Uma ainda é bebé de fralda. Sorrio e digo: “não tenho dinheiro mas tenho mangas… querem?”. Abrem-se sorrisos e iluminam-se os olhos de todas elas. “Sim, sim!!!” A bebé faz que sim com a cabeça. Dou uma manga a cada uma. Agradecem e correm de volta para as brincadeiras, junto às mães que vendem pequenezas na praça. Passados poucos minutos, arrumam as coisas e vão embora. Todas elas me acenam, de mangas na boca, e sorriem. E eu sorrio de volta e digo “até amanhã!”.
E o sorriso não se desfaz. Porque a beleza está nos pequenos segredos, nas pequenas histórias, no imbatível encanto da simplicidade. Porque quarto meninas de pele negra, negra, negra deixam-me uma manga para eu comer também.