Sunday, 27 May 2007
Eis-me
Tendo-me despido de todos os meus mantos
Tendo-me separado de adivinhos mágicos e deuses
Para ficar sozinha ante o silêncio
Ante o silêncio e o esplendor da tua face
Mas tu és de todos os ausentes o ausente
Nem o teu ombro me apoia nem a tua mão me toca
O meu coração desce as escadas do tempo em que não moras
E o teu encontro
São planícies e planícies de silêncio
Escura é a noite
Escura e transparente
Mas o teu rosto está para além do tempo opaco
E eu não habito os jardins do teu silêncio
Porque tu és de todos os ausentes o ausente
Sophia de Mello Breyner Andresen, Livro Sexto (1962)
(imagem de Rébecca Dautremer)
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5 comments:
que lindo poema e que linda fotografia...:)***
Sophia... :)
:)
abraço.
O teu blog é mesmo muito bonito. escolhes muito bem os textos e as imagens. Ansiosa por te voltar a ouvir cantar... Lorca? É pena já não ser no Navio de Espelhos.
Beijos
[ eis-me... feliz pelas pegadas que a vossa beleza vai deixando... ] *obrigada*
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