"O convento tinha a forma de uma margarida. Desprendendo-se de uma torre cilíndrica, cada cela formava uma pétala. Entre uma e outra cela, no pouco espaço de muro da torre que permanecia descoberto, havia uma fenda, fechada por um vitral colorido. Conforme a deslocação do sol em redor do convento, no interior do quarto cilínrico, havia uma luz com a cor que jorrava do vitral que protegia a fenda atingida pelos raios de sol. Se a luz era azul era meio-dia, cor de laranja era já hora da ceia e assim para todas as outras horas do dia. De noite, a lua substituía o sol. No Inverno, com o céu encoberto, os monges passavam dias e dias sem saber a hora exacta e eram felizes, porque as suas vidas caminhavam de modo desordenado, especialmente no momento do encontro para o canto nocturno. Ou o levantar era demasiado cedo ou demasiado tarde e cada um acabava, assim, por cantar sozinho e os outros depois ou antes dele. Os cânticos solitários inundavam o céu até ao amanhecer."
Tonino Guerra, "Histórias para uma Noite de Calmaria".
(uma pequena história para ti,
margarida recente do meu novo jardim,
por navegares ao meu lado pelo meio do mar,
por adormeceres com histórias daquelas que se contam no silêncio das noites que se seguem aos segredos e por seres sorriso-pétala-ternura onde eu pouso as minhas pintas de joaninha!
sem ti, como seria eu joaninha?
e quem me faria o que me ensinaste que se faz às joaninhas?...)
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1 comment:
Finalmente consegui dar um passeio por estas paragens. Ainda estou comovida=')
As joaninhas estão em vias de extinção, as margaridas selvagens são raras, mas curiosamente cruzámo-nos. Haveria lugar mais verdejante?
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