
Thursday, 29 November 2007
Sunday, 25 November 2007
tarde de domingo

o sol enche de luz dourada cada pedaço de ar caleidoscopicamente gelado.
o inverno anuncia a sua vinda, ainda tímido.
alimentado o espírito, alimenta-se também o corpo com mimos e banquetes maternais.
tarde de domingo.
o tempo suspenso nos raios de sol que caem caramelizados e vagarosos na sua grandeza.

ao fundo, toca um piano com mil histórias incrustadas nas suas paredes, nos seus ossos, no seu tempo também suspenso. grandes valsas rodopiam pela sala. e risos. em silêncio.
porque, numa tarde de domingo como esta, o tempo paira, suspenso, e o sol enche de luz dourada cada retalho caleidoscópico e congelado de ar de inverno.
(imagens daqui)
Thursday, 22 November 2007
Santa Cecília

Desde o século XV, Santa Cecília é considerada padroeira da música sacra.
Sua festa é celebrada hoje, dia 22 de Novembro, dia da Música e dos Músicos."
Tuesday, 20 November 2007
[doce quotidiano]
[ hoje ofereceram-nos um geado a cada um. super-maxi. problemas eléctricos causados pela chuva fizeram com que a arca dos gelados se desligasse durante meia hora. eu queria apenas comprar um gelado pequeno para suavizar o ardor do estômago. entrámos no primeiro cubículo envidraçado susceptível de vender gelados que apareceu no caminho. saímos com um gelado cada um. grátis. estranhos, os gelados, mas bons e perfeitamente comestíveis. doce quotidiano... ]
verdadeiras amizades

passa pouco das oito da manhã
imaginemo-nos uma semana atrás
entramos no 732
restelo - campo pequeno
lugares sentados disponíveis [reconforto]
o sono pesa em cada pedaço de pálpebra
num cenário destes, ainda no limbo entre o sono e a vigília, há lugar para tudo, inclusivamente para aqueles inesperados cruzamentos de vidas que se desconhecem e se continuarão a desconhecer entre si.
um senhor sem rosto conversa com o seu vizinho do lado e eu escuto-lhe um pequeno retalho:
- "... isso é que era liberdade! andar para todo o lado... agora, sem poder, é mais difícil. eu, quando era novo, ia ao cinema todas as quatras feiras. já nessa altura eu era muito amigo do cinema!"
mordiscada por um sopro de manhã gelada, sorri às escondidas, clandestina e divertida na minha invisibilidade.
[ser muito amigo do cinema parece-me, subitamente, um perfeito e memorável previlégio...]
(imagem de Moumine)
Tuesday, 13 November 2007
dois meios.
Saturday, 10 November 2007
pequenos segredos quotidianos
ontem.
fim de tarde (já vestido de noite cerrada pelo novo horário)
supermercado A.
ergo a mão para agarrar uma caixa das bolachas y.
parecem deliciosas e quero provar.
vinda do nada, aproxima-se uma funcionária.
cúmplice, sussurra-me:
- costuma ir a outros supermercados?
corei.
o que quer ela saber com a pergunta?
- eh... sim, ao supermercado B, de vez em quando...
confessei desmergulhando-me dessa estranheza provocada pelo insólito.
ela aproximou os sussurros dos meus ouvidos, com um sorriso de esguelha, e revelou:
- é que no supermercado C isso custa menos de metade. a caixa não é a mesma mas o sabor é igualzinho! eu só compro lá... mas não lhe estou a dizer nada.
e piscou o olho esquerdo.
eu disse-lhe que não conhecia essas bolachas e que queria apenas prová-las.
ela acrescentou:
- se é só para provar, então está bem. mas se gostar, compre no outro... aqui é caro demais! - e concluiu:
- mas lembre-se que eu não lhe disse nada.
sorri dos pés à cabeça, ainda imersa em tal segredo irrevelável.
é encantador, este mundo de quotidianos imprevisíveis...
e assim guardamos no bolso pequenas histórias para contar, mais tarde, ao calor da fogueira.
fim de tarde (já vestido de noite cerrada pelo novo horário)
supermercado A.
ergo a mão para agarrar uma caixa das bolachas y.
parecem deliciosas e quero provar.
vinda do nada, aproxima-se uma funcionária.
cúmplice, sussurra-me:
- costuma ir a outros supermercados?
corei.
o que quer ela saber com a pergunta?
- eh... sim, ao supermercado B, de vez em quando...
confessei desmergulhando-me dessa estranheza provocada pelo insólito.
ela aproximou os sussurros dos meus ouvidos, com um sorriso de esguelha, e revelou:
- é que no supermercado C isso custa menos de metade. a caixa não é a mesma mas o sabor é igualzinho! eu só compro lá... mas não lhe estou a dizer nada.
e piscou o olho esquerdo.
eu disse-lhe que não conhecia essas bolachas e que queria apenas prová-las.
ela acrescentou:
- se é só para provar, então está bem. mas se gostar, compre no outro... aqui é caro demais! - e concluiu:
- mas lembre-se que eu não lhe disse nada.
sorri dos pés à cabeça, ainda imersa em tal segredo irrevelável.
é encantador, este mundo de quotidianos imprevisíveis...
e assim guardamos no bolso pequenas histórias para contar, mais tarde, ao calor da fogueira.
Saturday, 3 November 2007
(in)temporal

"Não se perdeu nenhuma coisa em mim.
Continuam as noites e os poentes
Que escorreram na casa e no jardim,
Continuam as vozes diferentes
Que intactas no meu ser estão suspensas.
Trago o terror e trago a claridade,
E através de todas as presenças
Caminho para a única unidade."
Sophia de Mello Breyner Andresen
(fotografia de Katia Chausheva)
Friday, 2 November 2007
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